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A Família Pipa é uma Sociedade Filantrópica, sem fins lucrativos, fundada em 1º de Setembro de 2008 em Santo Anastácio, São Paulo. Sítio criado em meados de Março de 2011. TODOS OS DIREITOS RESERVADOS ©

terça-feira, 28 de junho de 2011

PROJETO EDUCANDO A MORAL II

No dia 27/06/2011, a Família Pipa, a convite do CONSEG de Santo Anastácio, realizou um teatro e uma palestra sobre a consequência do uso das drogas, lícitas e ilícitas, na vida pessoal e no âmbito familiar do usuário, no período da tarde na escola Ranazzi. 


O teatro foi um convite do CONSEG (Conselho Comunitário de Segurança) de Santo Anastácio. Tivemos muito pouco tempo para organizá-lo, acho que ensaiamos somente quatro dias, mas mesmo assim foi um sucesso. Foi um teatro cômico mesmo sendo um assunto polêmico. Não acho eficiente ir de terno e ficar ‘falando dicionários’: a inteligência não está no requinte das palavras. O teatro foi narrado e dirigido pelo membro Murilo Hernandes, onde o mesmo relata, após indagado em como foi dirigir a peça: "O trabalho surgiu de forma espontânea, baseado em ideias. Não foi elaborado um roteiro muito detalhado, somente uma sequência de fatos principais onde abria espaços para uma atuação mais livre dos personagens e interação com o narrador. Houve muito improviso também, deixando a apresentação mais orgânica, e todos comemoraram o resultado final do trabalho." 

Contamos também com o elenco de Maurício(Eu), José da Silva(Gustavo de Araújo), Garçom e Palestrante(Amador Cortez), Traficante e Morte(Stal Quintana), Frequentadoras da boate(Viviane e Stela)  e a fotógrafa(Camila). Logo no começo, optamos por ser um teatro narrado, que no caso, foi narrado pela consciência de Maurício. O texto se baseia em vários depoimentos de usuários (no total de 53), alguns desses são amigos e colegas nossos que infelizmente entraram nesse mundo, outros de 'desconhecidos.' A seqüência: bebida e cigarro foram unânimes no início das drogas de TODOS os viciados que recolhemos relatos, e acho isso muito sarcástico: ora, o pessoal começa a se viciar em coisas que são permitidas as vendas, e nem adianta vir me falar que começam por ser fácil o acesso (por ser lícito), a facilidade de ‘um menor’ comprar uma garrafa de uísque é inferior do que comprar uma pedra de crack. O governo de São Paulo criou a lei anti-fumo, mas, se estivesse realmente preocupado com a saúde da população, proibiria a industrialização do tabaco. O teatro também me fez ver que a propaganda Anti-Drogas do Brasil não poderia ser pior. Nossa, onde já se viu falar que drogas são ruins? Claro que não. As drogas são ruins por serem boas. O ser humano tenta dia após dia encontrar tranquilidade, conforto, prazer, bem estar, além de ser demasiadamente curioso. A dificuldade em sair das drogas é exatamente por isso. Os efeitos devastadores são inferiores aos prazeres momentâneos. Mas, como vimos no teatro, a presença dos pais é fundamental para que o filho não entre nesse mundo horrível. Muitas das crianças querem ser o espelho do pai, da mãe. Repreender o filho não é a única solução, saiba dar liberdade, saiba confiar, demonstre respeito e amor,  converse que o efeito das drogas são sim bons, mas que as consequencia desses bons efeitos não valem pela enorme desgraça que ela traz para o viciado e para a família do usuário. Talvez assim, sem mentiras e ilusões, seus filhos não causarão desgosto, nem para vocês nem para eles mesmos. Não são os jovens que estão perdidos, isso eu afirmo”. Complementou, Bruno Lozzi.




HISTÓRIA

José da Silva é um pai divorciado, ausente, alcoólatra e fumante. Não mede consequência e demonstra seu vício para seu filho, sem o menor pudor. José não demonstra afeto para com seu filho. Maurício é filho de José da Silva. Bom aluno, tímido e filho único.
Num dia, que não fora qualquer, tenta cumprimentar seu pai, que de nada adianta, e como se não fosse diferente, quer ser igual ao pai que, mesmo o ignorando, ainda é um herói para ele.
Maurício vê uísque e um cigarro entre acesso no cinzeiro, sua consciência tenta repeli-lo, mas a tentação era maior. Tosse ao trago do cigarro e se arrepia ao gole da cachaça.
Maurício, como a maioria dos jovens da sua idade, também gosta de baladas. Tímido na festa vai comprar bebida, o vendedor o repreende e mostra a placa de proibida a venda para menores de 18 anos. Maurício insiste e o balconista vende mesmo assim.
No decorrer da festa, um rapaz o oferece algo que o faria ficar melhor, porque se disse preocupado com a timidez do garoto. Nada cobra, e Maurício aceita. Minutos depois Maurício se sentia nas nuvens, não pensava em problemas e a timidez fora agora algo do passado.
No dia seguinte acorda com muita ressaca, boca seca e amarga, dor de cabeça, corpo ruim. Sua consciência o pede para levantar e ir para a escola, dengoso, não quer, mas acabar por ir. No caminho da escola encontra o mesmo cara da festa na entrada. O sujeito então pergunta se ele queria dar um trago no cigarro. Maurício então diz que sim. Entretanto, talvez pela inexperiência de Maurício, por seu pai nunca ter o explicado sobre as drogas, traga o cigarro pensando ser tabaco. Instantes depois não se lembrava mais da escola, nem da prova de matemática que teria. Sentiu-se ótimo!
Outro fim de semana, e outra festa. Maurício já entrou na festa procurando o ‘amigo’. O encontrou. Disse que queria algo, e que pagaria futuramente, sem problemas. Foi para um canto e teve sua primeira experiência com cocaína. Nossa, era muito louco, demais, ótimo, excitante. Era um dos mais agitados na festa. Sem timidez conseguiu até ficar com algumas garotas. Ele foi demais! Mas a energia fora acabando, e queria mais. Trombou por ‘coincidência’ com o ‘amigo’ e pediu mais, foi ainda melhor. Álcool e cocaína não tinham explicações, era como tentar explicar sobre o amor; só dava para sentir.
Voltou muito chapado para casa. Encontrando o pai dormindo na cadeira defronte a mesma mesa onde Maurício deu seu primeiro trago no uísque e no cigarro, entrou devagar para não chamar a atenção. Entretanto, logo que passou pelo pai, foi repreendido. José da Silva discutiu, indagou que cara era aquela, que cheiro era aquele, até encontrar os saquinhos vazios de cocaína no bolso de Maurício. Mandou-o embora.
E agora, Maurício, para onde vai? Para seu amigo? Repreendeu sua consciência.

Procurado o amigo, encontrou e, o rosto amigável que antes era nas festas e na porta da escola, agora era áspero e rude, não tinha mais amostras grátis, mas Maurício precisava, foi então que o traficante propôs a Maurício que furtasse um toca CD’s automotivo para ele. A consciência de Maurício repudiou, mas, como poderia ser só uma vez, acabou cedendo.
Maurício furtou o objeto e quase foi pego pela polícia, conseguiu despistar por ainda ser bem aparentado. Entregou para o traficante e teve sua primeira experiência com crack. Tempos depois estava todo rasgado, sujo e subnutrido. Sem o pai, sem o amigo, sem dinheiro para o vício. Talvez por ironia, nem forças mais tinha para roubar, tampouco furtar, foi aí que o ceifeiro apareceu. A morte chegou, e Maurício se foi.





"UNIDOS VENCEREMOS, DIVIDIDOS CAIREMOS!"

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